terça-feira, 28 de agosto de 2012

“AS APARÊNCIAS ENGANAM”

Muitas vezes ouvimos as pessoas falarem: “As aparências enganam”. É sobre isso que queremos refletir um pouco. O Evangelho é paradigmático para nós, a partir dele temos pressupostos práticos para a nossa vida diária. Realmente, as aparências enganam! Jesus nos alertou contra este vírus quando entrou em conflito com os fariseus e doutores da lei, pois valorizavam a materialidade e se esqueciam do ser.
Guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles” (Mt 6,1). “Quando orardes, não sejais como os hipócritas, porque gostam de fazer oração pondo-se em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos homens” (Mt 6,5). “Ai de vós hipócritas que pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas omitis as coisas mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia, e a fidelidade” (Mt 23,23). Porque Jesus é tão incisivo e radical com os hipócritas? Destacaremos alguns elementos que nos ajudarão na reflexão.
Quando valorizamos vorazmente as aparências, quando a preocupação com o “parecer ser para os outros” consomem demais nosso interior, consciente ou inconscientemente aniquilamos a nossa dimensão espiritual. O que significa a nossa dimensão espiritual? A dimensão espiritual nos ajuda a transcendermos as realidades visíveis, nos dá a possibilidade de compreendermos os significados dos símbolos. Os símbolos são tudo aquilo que vimos a partir da nossa realidade física. Quando observamos um símbolo logo percebemos sua forma, mas para entendermos os símbolos realmente, necessariamente devemos buscar compreender seus significados. Os significados são aquilo que os símbolos têm a missão de nos revelar, o que devemos valorizar realmente, o que está além do físico, além das aparências.
Só compreenderemos e valorizaremos se realmente conhecermos os significados! Por isso, devemos nos abrir para o novo! Somos convidados a irmos além das aparências! Devemos mergulhar no mistério da existência e nos aprofundar no relacionamento com o grande Outro que é Deus, e com os outros que estão ao nosso redor.
Quando observamos a beleza de uma árvore, não podemos esquecer que toda a sua pompa vem a partir de suas raízes, que nós não a enxergamos. A beleza da árvore dos fariseus e os doutores da lei, seus frutos, eram produzidos sem raízes, ou seja, sem a dimensão espiritual, sem os significados, eram apenas símbolos. E os símbolos por si só, não tem valor!
Cada um de nós carrega dentro do coração “o plus da criação”. O que isso significa? Dentre os bilhões de homens e mulheres “criados a imagem e semelhança de Deus” (Gn 1,26) cada um de nós é um ser único e irrepetível. Somos possuidores de singularidades, de dons, advindos de nosso Criador. Sendo assim, carregamos em nosso íntimo uma identidade. Está identidade vai se revelando a nós na medida em que vamos mergulhando no mistério da existência e buscando entender os seus significados. Esta identidade é o nosso ser! Aquilo que temos de mais sagrado! Por isso, ao vivermos de aparências, apenas para sermos vistos, elogiados, estamos revelando que não conhecemos a nós mesmos! Que não conhecemos a nossa interioridade!
A árvore sem as raízes torna-se vulnerável a qualquer vento ou intempéries. O ser humano que não conhece a sua interioridade, o seu ser, o seu intimo, o seu mistério, o significado da sua vida, apega-se apenas aos símbolos, as coisas visíveis e materiais, supérfluas. A exterioridade não revela a interioridade! Por isso Jesus diz: “Nas vossas orações não useis vãs repetições, como os gentios, porque imaginam que é pelo palavreado excessivo que serão ouvidos. Não sejais como eles, porque vosso Pai sabe do que tendes necessitado antes de pedirdes” (Mt 6,7-8).
O que realmente Deus quer de nós? Deus quer o nosso coração! O coração é a fonte de onde emana todos os nossos sentimentos. Nós só daremos a Deus o nosso coração se compreendermos realmente a dimensão espiritual e conhecermos a nossa identidade. Deste modo, Jesus não nos chamará de hipócritas, mas sim de coerentes. Perceberá em nosso ser em nosso agir uma harmonia. A nossa vida se transformará numa grande sinfonia de amor, onde nós seremos os instrumentos, os nossos gestos de caridade a canção, e o maestro é Jesus. “Onde está o teu tesouro aí estará também o teu coração” (Mt 6,21). “Se a justiça de vocês não superar a dos doutores da lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino dos Céus” (Mt 5,20).  

Rodrigo J. Silva

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Maria no Evangelho de São Mateus

         Estamos iniciando o mês de Maio, mês significativo, mês mariano, dedicado a Maria, Mãe de Jesus. Celebremos também em maio o dia das Mães. A nossa paróquia no decorrer deste ano de 2012 está oferecendo à possibilidade de aprofundarmo-nos na intimidade com a Palavra de Deus, através do Curso Bíblico. O conteúdo que está sendo trabalhado são os Evangelhos, iniciemos pelo Evangelho segundo São Mateus.
              Mês mariano! Mês das mães! Curso Bíblico! Evangelho de São Mateus! Todos estes temas serão abordados neste pequeno artigo. Como? Iremos dar um voo sobre o Evangelho de Mateus, e perceber as principais referências à Maria, e assim, salientar a relevância da sua abertura ao projeto de Deus.
              É fundamental termos como chave de leitura, os textos do evangelho de Mateus em que Maria é mencionada, tudo é centrado em torno da pessoa de José e não de Maria. Maria aparece como a esposa de José. Ela não fala. Não diz uma só palavra. É José que faz com que Jesus seja filho de Davi, capaz de realizar as promessas. Como esposa de José e Mãe de Jesus, Maria participa no destino de Jesus.  Os textos são: Mt 1,1-17; Mt 1,18-25; Mt 2,1-12; Mt 2,13-23 Mt 13,55; Mt 27, 5.
              1° - Mateus 1,1-17: A genealogia de Jesus termina com esta frase: “José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo”. José é a raiz histórica e cultural de Jesus. Jesus está situado na história de Israel desde Abraão, Davi, até José. Como percebemos, Mateus utiliza em sua genealogia o protagonismo de cinco mulheres, Tamar (1,3), Raab (1,5), Rute (1,5), Betsabéia (1,6), e por fim Maria.
Deus faz sua História na contramão da história, utiliza-se do lixo humano para manifestar sua justiça, seu amor. As quatro primeiras mulheres citadas na genealogia (Tamar, Raab, Rute, Betsabéia) questionam os padrões de comportamento impostos pela sociedade patriarcal. No entanto, foram essas suas iniciativas pouco convencionais que deram continuidade à linhagem de Jesus e trouxeram a salvação de Deus para todo o povo. Foi através delas que Deus realizou seu plano e enviou o Messias prometido. Realmente, o jeito de agir de Deus surpreende e faz pensar! No fim, o leitor ou a leitora fica com a pergunta: “E Maria? Por que ela fica ao lado dessas quatro companheiras? Existe alguma irregularidade nela? Qual é?” A resposta a esta pergunta é dada em Mt 1,18-25.
              2° - Mateus 1,18-25: O aviso a José: "José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como esposa". A gravidez de Maria acontece antes da convivência com José. Esta gravidez ocorre não por desvio humano, mas por vontade divina, pela força do Espírito Santo. O próprio Deus burlou as leis de pureza para que o Messias pudesse nascer no meio de nós!
              Se José tivesse agido conforme as exigências das leis da época, deveria ter denunciado Maria e ela poderia ser apedrejada. Mas José, por ser justo, não obedeceu às exigências das leis de pureza. Sua justiça era maior e levou-o a defender a vida tanto de Maria como de Jesus.  Por isso, devemos ficar atentos à vontade de Deus para acolhê-la mesmo quando nos pede aquilo que não esperamos.
              3° - Mateus 2,1-12: Os Magos do Oriente buscam Jesus observando os sinais da natureza, a estrela. “Ao entrar na casa, viram o menino com Maria sua mãe”. A mãe do rei tem um papel preponderantemente como nos canta o salmista: “Filhas de reis vêm ao teu encontro, de pé à tua direita está à rainha ornada com ouro de Ofir” (Sl 45,10). A esperança do Messias permanece “até que a mãe dê a luz” (Mq 5,2). Sendo assim, é relevante sabermos reconhecer a presença da salvação num menino recém nascido com sua mãe.
              4° - Mateus 2,13-23: A Fuga para o Egito: "Levanta-te, toma o menino e sua mãe!". “O menino e sua mãe” é uma formula que aparece várias vezes nesta perícope, e tem a finalidade de destacar o comprometimento de Maria  em fazer a vontade de Deus. Um projeto não pode ser abandonado.
              Mateus nos apresenta Maria que acolhe a Palavra de Deus, que diz sim ao seu projeto de amor. Maria, mulher dá Palavra. Maria discípula missionária. Maria fiel. Maria, a mulher da discrição, foi fiel a sua vocação no silêncio e no ordinário de sua vida.  

Rodrigo J. Silva

terça-feira, 27 de março de 2012

RESSURREIÇÃO COMO CAMINHADA

     “Somos peregrinos e estrangeiros nesta terra... Estamos em busca de uma pátria, da pátria celeste” (Ef 4,11). A dinâmica da caminhada faz parte do processo de encontro com o Cristo, com o Cristo Glorioso, o Ressuscitado! Colocar-se em caminhada é a condição primeira que Deus nos pede para o encontro. É na caminhada que se dá o processo de amadurecimento da fé, de purificação, e de conversão.
     O Senhor falou a Abraão: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, vai para a terra que eu te mostrarei. Eu farei de ti um grande povo, eu te abençoarei...” (Gn 12,1-2). O Senhor disse a Moisés: “Eu vi, vi a miséria do meu povo... Ouvi seu grito por causa dos seus opressores, pois conheço as suas angustias. Por isso desci a fim de libertá-lo... e para fazer subir desta terra para uma terra boa e vasta, terra que emana leite e mel” (Ex 3,7-8).
     Como Abrão e Moisés, nos relatos dos Evangelhos, Jesus sempre se coloca a caminho, nunca está inerte. Vai a todos os povoado, visita as casas, realiza as mais diversas curas, aos que estão à margem trás para o meio da sociedade. Após ser batizado, Jesus é conduzido pelo Espírito ao deserto, e é neste local paradoxal que as tentações são vencidas.
     Em nossas vidas é diferente? Não, nós também devemos estar em constante caminhada, assim como o povo de Deus no deserto, e como o próprio Jesus. A Igreja todos os anos nos propõe este desafio de caminhar durante quarenta dias, durante o período quaresmal, tendo como objetivo celebrar a Páscoa do Senhor. Neste itinerário, assim como Jesus, também somos convidados a superar as tentações cultivando dentro do nosso coração as virtudes da oração, do jejum e da caridade. Não há Páscoa sem caminhada queridos irmãos e irmãs! “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto” (Jo 12,24).
     Páscoa é ressurreição. Para celebrarmos a ressurreição é imprescindível configurarmo-nos com Jesus, sendo reflexo de Jesus através da nossa vida, Ele que fez a maior loucura de amor, dar a vida por nós numa cruz. Amor com amor se paga! Para alcançarmos a ressurreição, a vitória da vida sobre a morte, devemos passar também pela cruz. “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me” (Lc 9,23).
     Abraçar a cruz eis o critério para ressuscitarmos com Jesus. Isso implica em uma opção de vida, num modo diferente de viver. Jesus mostrou a síntese do caminho da ressurreição na vivência dos seus últimos dias. Ao entrar em Jerusalém, Domingo de Ramos, foi aclamado como Rei. Um Rei pobre que chega montado num jumentinho. Seu império era estruturado sobre o amor ao próximo. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13).
     Jesus é a mensagem e o mensageiro. Na Quinta-feira Santa, véspera de sua paixão, Cristo orou no Monte das Oliveiras (Mt 26,36), em seguida reuniu os seus discípulos para celebrarem a páscoa, a Santa Ceia ( Lc 22,14-15). Nesta mesma noite, Jesus lavou os pés dos discípulos e deu-lhes o mandamento do amor. A grandeza para Jesus está em servir e não em ser servido.
     Por trinta moedas Jesus foi traído, e o preço da traição é o madeiro da cruz. Na Sexta-feira Santa celebramos a subida de Jesus ao Monte Calvário, local que demonstra a plenitude de sua obediência ao Pai. Mas, a cruz, o túmulo lacrado, não é o fim, na vigília do Sábado Santo, a Luz de Cristo volta a brilhar, representado no Círio Pascal. As trevas são dissipadas, Cristo é a luz do mundo, e quem o segue não anda nas trevas (Jo 8,12).
     Este é o sentido do nosso peregrinar, ressuscitar com Cristo, ter “vida em Abundância” (Jo 10,10). Jesus, “Deus o ressuscitou”. Deus fez justiça ao Filho, ressuscitando-o (Jo,16,10). Ressuscitado, Jesus mostra que as Escrituras falam dele com clareza ( Lc 24,25-27) e faz o coração dos discípulos arder (Lc 24,32), dando-lhes a conhecer no partir do pão (Lc 24,30-31). Assim, a ressurreição de Jesus nos dá a certeza de nossa própria ressurreição ( Jo 11,25; 14,1-4), como também a certeza de sua presença viva entre nós, principalmente quando nós a invocamos ( Lc 24,29).
     Segundo Santo Hipólito, "...Cristo brilha sobre todos os seres mais do que o sol! É por isso que, para nós que cremos nele, se instaura um dia de luz, longo, eterno, que não se apaga: a páscoa mística”.
     A Páscoa do Senhor é um convite sereno para vivermos a ressurreição, desde já, na dinâmica do caminho, do amor e da fraternidade. Colocando-nos a disposição, nos aventurando e confiando na fé como Abraão e Moisés, e sendo obediente ao Pai como Jesus. O ressuscitado exige que nossa vida seja límpida, transparente, espelho do bem e sinal da salvação, numa profunda sensibilidade para o amor fraterno, e praticando a justiça. Precisamos ser plenamente missionários exalando o “bom odor de Cristo” (2Cor 2,15), do Cristo Ressuscitado.

Rodrigo J. da Silva

quarta-feira, 14 de março de 2012

Batatas…


O professor pediu para que os alunos levassem batatas e uma bolsa de plástico para a aula. Durante a aula ele pediu para que separassem uma batata para cada pessoa de quem sentiam mágoas, escrevessem os seus nomes nas batatas e as colocassem dentro da bolsa.
Algumas das bolsas ficaram muito pesadas. A tarefa consistia em, durante uma semana, levar a todos os lados a bolsa com as batatas. Naturalmente a condição das batatas foi se deteriorando com o tempo. O incômodo de carregar a bolsa, a cada momento, mostrava-lhes o tamanho do peso espiritual diário que a mágoa ocasiona, bem como o fato de que, ao colocar a atenção na bolsa, para não esquecê-la em nenhum lugar, os alunos deixavam de prestar atenção em outras coisas que eram importantes para eles.
Esta é uma grande metáfora do preço que se paga, todos os dias, para manter, a dor, a bronca e a negatividade. Principalmente quando damos importância aos problemas não resolvidos ou às promessas não cumpridas, nossos pensamentos enchem-se de mágoa, aumentando o stress e roubando nossa alegria. Perdoar e deixar estes sentimentos irem embora é a única forma de trazer de volta a paz e a calma.
Vamos lá… jogue fora suas “batatas” e sorria!
“Que o amor seja inteiramente sincero. Odeiem o mal e sigam o que é bom. Amem uns aos outros com carinho de irmãos em Cristo e em tudo dêem preferência uns aos outros.” (Romanos 12:9-10)

Autor Desconhecido


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Reflexões sobre o BBB


O Império Romano não foi derrotado pela espada e canhões, mas pela decadência moral! Respiramos uma atmosfera erótica generalizada. Nada acontece por acaso. Estes programas têm uma filosofia, uma intenção, um objetivo que é ganhar dinheiro pela via do erotismo. Sexo, dinheiro e fama são os piores ídolos da humanidade. Eles nos escravizam. Trata-se de uma ''trinca perigosa''. Depois que no Brasil, através de manobras políticas, foi liberado o divórcio instantâneo, a manipulação de células tronco embrionárias, a união de pessoas do mesmo sexo, a lei da palmada, entramos numa anarquia erótica. Sem esquecer o ''kit sexo'' idealizado pelo ex-ministro da Educação, o projeto da homofobia, do aborto e aquela jogada nada honesta de liberar o aborto em nome dos direitos humanos e da saúde publica, como queria o ex-ministro da Saúde. Virou uma balbúrdia, e até os que defendem as bandeiras da revolução sexual estão preocupados.
Tudo isso parece modernidade, mas é sintoma da doença da nossa civilização. O Império Romano não foi derrotado pela espada e canhões, mas pela decadência moral. Um sábio chinês diz que estamos confundindo um navio furado, invadido pelas águas e afundando, com uma piscina de banho. Estamos afundando e fazendo festa, como se o barco furado invadido pelas águas fosse uma piscina.

Nada temos a aprender da revolução sexual acontecida nos Estados Unidos e na Europa. São países envelhecidos e necessitados de braços estrangeiros, de mão de obra barata. Está mais do que comprovado que a revolução sexual fracassou. Tudo piorou com a pornografia na internet. Nossa cultura secularizada erotiza precocemente crianças e adolescentes fazendo explodir a gravidez precoce, a aids e outras doenças. O próprio Freud orientou a sexualidade humana para a sublimação.

Na ideologia do BBB está sendo passado um culto exagerado do corpo, a exaltação do instinto e da paixão, o homossexualismo, a inutilidade do casamento, a degradação da família. Isso tudo sem respeito pelo povo e seus valores morais. A banalização da sexualidade é um retrocesso destrutivo porque abre o caminho para a droga, o alcoolismo, o vazio interior, a exaltação do corpo. Há escolas onde a educação sexual consiste apenas em saber usar o preservativo, conhecer a fisiologia corporal e a praticar todo tipo de erotismo. Em muitos setores da sociedade o permissivismo está incentivando o contrário, isto é, a volta do moralismo, do tabu, do negativismo sexual. Não devemos perder a simpatia, o louvor, a gratidão pelo dom da sexualidade.

Na democracia temos o direito de protestar, contestar, dialogar, discordar. Em relação ao BBB, continuemos a utilizar a internet. Mudar de canal é um gesto que tem efeitos muito práticos. Não telefonar para dar o voto aos concorrentes também é algo eficaz. O protesto popular, a consciência social, a manifestação do povo e das instituições têm poder. O que não podemos é continuar reféns da ditadura do relativismo e do erotismo. BBB é um desacato à nossa cultura.
Não morremos por falta de sexo, morremos por falta de afeto, de carinho, de consideração. A paixão tem sabor de liberdade, mas é uma corrente que nos amarra e a carne não basta para saciar nossa fome de amor. O coração é mais que o corpo. O Brasil não pode ser a pátria do turismo sexual. Nossa tradição familiar e cristã é um bem para sociedade.

Tantos artistas convertidos já declaram ao mundo inteiro que a ''alegria do espírito é maior que a volúpia da carne''. O que vale é o amor, os valores, os limites, a humanização da sexualidade, a fé, a espiritualidade. O amor livre é uma invenção burguesa que leva à onipotência e onipresença do prazer desordenado. Torna-se escravidão e desilusão.
A sexualidade é uma energia que nos leva ao encontro com o outro inclusive com o grande Outro. É uma força de comunhão, de relacionamento, de amizade, de transcendência. Temos um longo caminho a percorrer na busca do equilíbrio e da maturidade sexual e afetiva. Quanto mais amor, mais pudor. A linguagem do amor compõe-se das seguintes declarações: eu sou amável; eu gosto de você; eu sou capaz de amar; eu amo e por isso escolho; eu decido amar alguém; eu sou teu para sempre.
28/01/2012 -- 00h00 

DOM ORLANDO BRANDES é arcebispo de Londrina.