terça-feira, 27 de março de 2012

RESSURREIÇÃO COMO CAMINHADA

     “Somos peregrinos e estrangeiros nesta terra... Estamos em busca de uma pátria, da pátria celeste” (Ef 4,11). A dinâmica da caminhada faz parte do processo de encontro com o Cristo, com o Cristo Glorioso, o Ressuscitado! Colocar-se em caminhada é a condição primeira que Deus nos pede para o encontro. É na caminhada que se dá o processo de amadurecimento da fé, de purificação, e de conversão.
     O Senhor falou a Abraão: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, vai para a terra que eu te mostrarei. Eu farei de ti um grande povo, eu te abençoarei...” (Gn 12,1-2). O Senhor disse a Moisés: “Eu vi, vi a miséria do meu povo... Ouvi seu grito por causa dos seus opressores, pois conheço as suas angustias. Por isso desci a fim de libertá-lo... e para fazer subir desta terra para uma terra boa e vasta, terra que emana leite e mel” (Ex 3,7-8).
     Como Abrão e Moisés, nos relatos dos Evangelhos, Jesus sempre se coloca a caminho, nunca está inerte. Vai a todos os povoado, visita as casas, realiza as mais diversas curas, aos que estão à margem trás para o meio da sociedade. Após ser batizado, Jesus é conduzido pelo Espírito ao deserto, e é neste local paradoxal que as tentações são vencidas.
     Em nossas vidas é diferente? Não, nós também devemos estar em constante caminhada, assim como o povo de Deus no deserto, e como o próprio Jesus. A Igreja todos os anos nos propõe este desafio de caminhar durante quarenta dias, durante o período quaresmal, tendo como objetivo celebrar a Páscoa do Senhor. Neste itinerário, assim como Jesus, também somos convidados a superar as tentações cultivando dentro do nosso coração as virtudes da oração, do jejum e da caridade. Não há Páscoa sem caminhada queridos irmãos e irmãs! “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto” (Jo 12,24).
     Páscoa é ressurreição. Para celebrarmos a ressurreição é imprescindível configurarmo-nos com Jesus, sendo reflexo de Jesus através da nossa vida, Ele que fez a maior loucura de amor, dar a vida por nós numa cruz. Amor com amor se paga! Para alcançarmos a ressurreição, a vitória da vida sobre a morte, devemos passar também pela cruz. “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me” (Lc 9,23).
     Abraçar a cruz eis o critério para ressuscitarmos com Jesus. Isso implica em uma opção de vida, num modo diferente de viver. Jesus mostrou a síntese do caminho da ressurreição na vivência dos seus últimos dias. Ao entrar em Jerusalém, Domingo de Ramos, foi aclamado como Rei. Um Rei pobre que chega montado num jumentinho. Seu império era estruturado sobre o amor ao próximo. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13).
     Jesus é a mensagem e o mensageiro. Na Quinta-feira Santa, véspera de sua paixão, Cristo orou no Monte das Oliveiras (Mt 26,36), em seguida reuniu os seus discípulos para celebrarem a páscoa, a Santa Ceia ( Lc 22,14-15). Nesta mesma noite, Jesus lavou os pés dos discípulos e deu-lhes o mandamento do amor. A grandeza para Jesus está em servir e não em ser servido.
     Por trinta moedas Jesus foi traído, e o preço da traição é o madeiro da cruz. Na Sexta-feira Santa celebramos a subida de Jesus ao Monte Calvário, local que demonstra a plenitude de sua obediência ao Pai. Mas, a cruz, o túmulo lacrado, não é o fim, na vigília do Sábado Santo, a Luz de Cristo volta a brilhar, representado no Círio Pascal. As trevas são dissipadas, Cristo é a luz do mundo, e quem o segue não anda nas trevas (Jo 8,12).
     Este é o sentido do nosso peregrinar, ressuscitar com Cristo, ter “vida em Abundância” (Jo 10,10). Jesus, “Deus o ressuscitou”. Deus fez justiça ao Filho, ressuscitando-o (Jo,16,10). Ressuscitado, Jesus mostra que as Escrituras falam dele com clareza ( Lc 24,25-27) e faz o coração dos discípulos arder (Lc 24,32), dando-lhes a conhecer no partir do pão (Lc 24,30-31). Assim, a ressurreição de Jesus nos dá a certeza de nossa própria ressurreição ( Jo 11,25; 14,1-4), como também a certeza de sua presença viva entre nós, principalmente quando nós a invocamos ( Lc 24,29).
     Segundo Santo Hipólito, "...Cristo brilha sobre todos os seres mais do que o sol! É por isso que, para nós que cremos nele, se instaura um dia de luz, longo, eterno, que não se apaga: a páscoa mística”.
     A Páscoa do Senhor é um convite sereno para vivermos a ressurreição, desde já, na dinâmica do caminho, do amor e da fraternidade. Colocando-nos a disposição, nos aventurando e confiando na fé como Abraão e Moisés, e sendo obediente ao Pai como Jesus. O ressuscitado exige que nossa vida seja límpida, transparente, espelho do bem e sinal da salvação, numa profunda sensibilidade para o amor fraterno, e praticando a justiça. Precisamos ser plenamente missionários exalando o “bom odor de Cristo” (2Cor 2,15), do Cristo Ressuscitado.

Rodrigo J. da Silva

quarta-feira, 14 de março de 2012

Batatas…


O professor pediu para que os alunos levassem batatas e uma bolsa de plástico para a aula. Durante a aula ele pediu para que separassem uma batata para cada pessoa de quem sentiam mágoas, escrevessem os seus nomes nas batatas e as colocassem dentro da bolsa.
Algumas das bolsas ficaram muito pesadas. A tarefa consistia em, durante uma semana, levar a todos os lados a bolsa com as batatas. Naturalmente a condição das batatas foi se deteriorando com o tempo. O incômodo de carregar a bolsa, a cada momento, mostrava-lhes o tamanho do peso espiritual diário que a mágoa ocasiona, bem como o fato de que, ao colocar a atenção na bolsa, para não esquecê-la em nenhum lugar, os alunos deixavam de prestar atenção em outras coisas que eram importantes para eles.
Esta é uma grande metáfora do preço que se paga, todos os dias, para manter, a dor, a bronca e a negatividade. Principalmente quando damos importância aos problemas não resolvidos ou às promessas não cumpridas, nossos pensamentos enchem-se de mágoa, aumentando o stress e roubando nossa alegria. Perdoar e deixar estes sentimentos irem embora é a única forma de trazer de volta a paz e a calma.
Vamos lá… jogue fora suas “batatas” e sorria!
“Que o amor seja inteiramente sincero. Odeiem o mal e sigam o que é bom. Amem uns aos outros com carinho de irmãos em Cristo e em tudo dêem preferência uns aos outros.” (Romanos 12:9-10)

Autor Desconhecido