Durante
as férias sentado à beira da praia conversando com um ancião, ele me disse: “a
coisa mais linda do mundo é que um dia vem depois do outro. Nada como o
tempo!”. Fiquei ruminando aquelas palavras e relacionando com a vida do ser
humano pós-moderno. Com palavras simples revelou-me uma forma de viver, de
encarar as situações limítrofes, as angustias, os sonhos, etc... Saber apreciar
a beleza dum dia após outro, é ter consciência do significado que o tempo tem
na cotidianidade. É saber que a paciência nos molda, e que o equilíbrio nas
escolhas, nas respostas, muitas vezes vem do saber esperar. Por isso, a
sabedoria é fruto da experiência de vida.
O ser humano pós-moderno devido ao
imediatismo oferecido pela sociedade, vive um dos seus maiores dramas, a impaciência.
Não sabe esperar! Muitas vezes a impaciência vem procedida de um discurso
positivo, não perder tempo. Mas o intuito deste discurso é simplesmente para
justificar a euforia exacerbada, não nos dando conta que estamos burlando a lei
da paciência, da retidão, do equilíbrio, caindo na impulsividade.
O amadurecimento é consequência dos
anos, e estes, são nada mais e nada menos, do que um dia depois do outro. O ser
humano por excelência foi Jesus Cristo. Quando estava junto de seus apóstolos
tinha consciência de como a impulsividade era funesta.
Certo dia, estando Jesus a caminho de
Jerusalém pediu aos discípulos que fossem preparar um local para repousarem,
entraram num povoado de Samaritanos e estes não os receberam. Devido a
rejeição, os discípulos tiveram um ímpeto de impulsividade: “Senhor, queres que
mandemos descer fogo do céu para destruí-los? Jesus, porém, voltou-se e
repreendeu-os. E partiram para outro povoado” (cf. Lc 19,51-56). Jesus ao
repreender os discípulos nos revela a relevância da paciência.
A paciência fez Jesus entender o
processo de maturação da fé dos Samaritanos, sabia que mais tarde, creriam
Nele. A paciência dá possibilidade para a autonomia, ressaltando a liberdade. A
paciência é corroborada à medida que as circunstâncias vão aparecendo, mas só
há progressão se houver consciência. O texto de Lucas diz que após a repreensão
Jesus partiu com eles para outro lugar. Isso significa que o processo de
paciência não é inerte, é rotativo.
Sendo assim, tenhamos nós também consciência
de nossas impulsividades, libertamo-nos delas, para que possamos chegar a uma verdadeira
maturação. Nada mais belo do que um dia após outro. A natureza nos ensina a esperar!
Rodrigo J. da Silva
Um comentário:
Antes conjecturava, agora rumina... Tu evoluiu em rapaz... Sucesso!
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