sábado, 21 de agosto de 2010

O ESPÍRITO SUSCITA ESPERANÇA


É salutar refletirmos como estamos nos relacionados, ou melhor, como estamos convivendo em nossa sociedade com os marginalizados, aqueles que se encontram à margem dos padrões sociais, econômicos, estéticos, religioso, etc...

Desde os primórdios o sectarismo está imbuído em nossa sociedade, e hoje, apesar de todo empenho humanitário estamos nos conformando com tal realidade. Destarte, perdendo a esperança do “já” e do “ainda não”, ou seja, que o céu “já” está acontecendo, ou melhor, deveria iniciar aqui, com a perspectiva da eternidade, “ainda não”.

O “conformismo” anda de mãos dadas com a “normalidade”, julgamos como “normais” as atrocidades, os escândalos, as diversas formas de morte, sectarismo, etc... Quando os acontecimentos não nos interpelam ou, não inquietam nossos corações, “devemos nos alertar: algo está errado”, não apenas com o mundo, mas conosco. Sábios os gregos que afirmavam que a “filosofia nasce do espanto”, do susto. O que fazemos para superarmos um espanto, um susto? Nossas seguranças são retomadas a partir do entendimento dos “porquês”.

Tendo está “normalidade”, o marasmo como realidade vigente, nossas esperanças esvaem-se, e o sonho, o projeto de uma sociedade justa, fraterna, de amor e paz, também se dissipam. É de nos perguntarmos: será que o papel do ser humano neste “oikos” , neste mundo, é de acompanhar apenas o ritmo social já estabelecido? O que “eu” faço a partir da realidade na qual estou inserido para configurar o mundo com amor, com caridade, com acolhida?

Acredito que o passo inicial é darmo-nos a devida a dignidade, não mensurarmos, julgarmos as pessoas tendo os “acidentes ” como pressupostos, mas sim, a partir de sua “essência”, do “ser enquanto ser”, dos princípios imensuráveis: amor, respeito, caridade, fé, etc..., aquilo que não podemos comprar, mas sim, conquistar.

Os seres humanos que vivem a partir deste fundamento, destacam-se na sociedade, e nos servem como testemunhas e fonte de esperanças para o nosso peregrinar. Poderíamos citar muitos nomes contemporâneos que “configuraram” em suas vidas este ideal: é possível transformar! O maior dentro todos, fonte de inspiração, de realização, foi Jesus de Nazaré. Ele estendeu as mãos, curvou-se, chorou, indignou-se, amou, acolheu, teve compaixão, “levantou e trouxe para o meio, os que estavam à margem”. “Burlou” os padrões pré-estabelecidos de sua sociedade, rompeu os sectarismos: puro – impuro, digno – indigno, santo – pecador, foi além, sua Lei foi o amor e a misericórdia.

O “Homem de Nazaré” não limitou o ser humano aos seus limites, valorizou a potencialidade intrínseca em cada um ao amor. Por isso mesmo, todos os que se encontravam com Ele mudaram, transformaram suas vidas, sentiam-se amados em sua “essência”. Um amor – ágape – sem interesses, sem intenções secundárias, um amor comprometido com o “outro” que emana do grande “Outro”. Automaticamente, a gratidão do “eu” transformado era o compromisso em anunciar aos outros a maravilha, a fonte da água.

Assim amigos (as), aqui se encontram a sabedoria e o desafio num contexto plural: “enxergarmos além dos ‘acidentes’, sendo que nossa ‘essência’ é a mesma”. E assim, cultivarmos a esperança de que transcendemos e “somos filhos do céu” com uma missão terrena. Mas para que não isso não torne-se em simples “utopia”, cada um de nós deve fazer a sua parte.

Rodrigo J. da Silva

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