segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A universalidade da missão de Jesus

Ao ler o Evangelho de Lucas são perceptíveis os desafios que emergem no contexto da Igreja atual. Dentre eles, gostaria de destacar o referente à universalização da mensagem, ou seja, a catolicidade da missão. A universalidade é fruto do protagonismo do Espírito Santo na obra do apóstolo.  Jesus deixa claro desde o início, que a salvação de Deus não se reduz ao Povo de Israel.
Seu ministério se caracteriza por muitas caminhadas, visitas, ensinamentos, curas. É neste bloco, sobretudo, que Lucas quer cumprir um dos objetivos do seu Evangelho: revelar quem é Jesus de Nazaré e qual a sua proposta. Lucas como companheiro de viagem de Paulo, incute em seus inscritos a mesma universalidade abordada pelo companheiro de missão. “Não há judeu nem grego, não escravo nem livre, não há homem nem mulher; pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (cf. Gl 3,28).
A salvação é uma possibilidade para todos, direito de todos, e Jesus demonstra isso através de sua práxis. Rompe com todos os sectarismos: puro e impuro, pobre e rico, homem e mulher, judeu e pagão. Jesus, conduzido pelo Espírito Santo, revela que o amor está acima da lei.
Para corroborar a universalização do Evangelho, será abordada em relances a postura de Jesus lucano diante da alteridade. Com isso, dá para fazer um paralelo com a postura da Igreja atual diante dos desafios  vigentes, como o relativismo ético, a pluralidade, a inculturação, a pastoral urbana, hedonismo, etc...
O universalismo do Jesus lucano é assinalado antes de sua vida pública, ou seja, da sua missão. "Luz para iluminar as nações” (cf. Lc 2,32), e assim como está no livro do profeta Isaías: “toda carne verá a salvação” (cf. Lc 3,6). “... A ação de Jesus virá trazer a salvação de Deus, superará barreiras, transporá fronteiras, romperá limites”. Um universalismo que transpassa o âmbito geográfico.
O critério para Jesus é a fé e esta se manifesta pelo amor. Pela fé de um leproso com a palavra e o toque do Mestre acontece a cura (cf. Lc 5,12-16). A fé impulsionou o paralítico a buscar ajuda, não conseguindo aproximar-se de Jesus carregaram até o terraço e entraram através das telhas, vendo a fé dele, Jesus diz: “homem, teus pecados estão perdoados” (cf. Lc 5,20).
Chama um cobrador de impostos para segui-lo, Levi (cf. Lc 5,27-28), em seguida participa duma festa em sua casa e toma refeições com pecadores. Jesus rejeita a hipocrisia social, vence o legalismo e estabelece novos critérios e provoca rupturas (cf. Lc 5,27-39).  Jesus liberta da lei e prioriza a pessoa; a necessidade é o critério da administração dos bens (cf. Lc 6,1-5).
No discurso da planície, Jesus estava em oração, escolhe os doze apóstolos, em seguida desce onde se encontram “... numeroso grupo de discípulos e imensa multidão de pessoas de toda a Judéia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e Sidônia. Tinham vindo para ouvi-lo e serem curados de suas doenças” (cf. Lc 6,17-19). A gratuidade nas relações: amor até para com os inimigos (cf. Lc 6,27-35). Misericordioso como o Pai do céu é misericordioso (cf. Lc 6,36-38). Acolhe a mulher conhecida como pecadora corrigindo a ideologia machista e conclui o diálogo afirmando: “Tua fé te salvou; vai em paz” (cf. Lc 7,36-50).

Rodrigo J. da Silva

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